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quarta-feira, janeiro 14, 2015

Os heróis improváveis

Era uma vez Desperaux, um rato apaixonado por histórias. Um rato de ENORMES orelhas e um coração SEM TAMANHO.

Convenhamos que era um rato grande demais para o pequeno mundo onde vive...

Mas “A Lenda de Desperaux” de kate di Camillo é também a história de uma colher de sopa, de um carrinho de linhas e de uma agulha, objetos que, francamente estarão a pensar, não se colocam nas histórias, por serem demasiado insignificantes.

Mas a vida é assim mesmo, feita a maior parte do tempo de coisas insignificantes, como por exemplo trabalhar, ir às compras, pôr gasolina no carro, dormir, comer e, no caso desta história, do nascimento deste rato cuja mãe, desesperada, lhe pôs o nome de Desperaux!

Contudo Desperaux, para além da particularidade das suas grandes orelhas, tinha também os olhos bem abertos, para além de não se comportar como um verdadeiro rato, o que convenhamos causava estranheza no mundo dos ratos.

Desperaux acaba por passar por vicissitudes várias, por escapar a perfídias ilimitadas para finalmente, como é habitual nas histórias de potencial receção infantil, regressar à luz gloriosa, com a forma de cavaleiro brandindo a espada.

 O protocolo de leitura da “Lenda de Desperaux” pode levar-nos a muitos caminhos, começando pelos heróis improváveis do quotidiano (nós todos), pelos super heróis improváveis do quotidiano (os que dão a vida para salvar outros) e pelos híper heróis improváveis do quotidiano (aqueles que conseguem perdoar).

“-Perdoa-me – repetiu Lester. Leitor, o perdão é, creio eu, muito parecido com a esperança (…), algo muito poderoso e maravilhoso. E algo muito ridículo também!”

E que é feito da colher de sopa e do carrinho de linhas e da agulha? Bom, isso é tema para a cozinheira da história que disse: “Escuta rato, estes são tempos extraordinários. E por isso temos de ter paz entre nós”

E a agulha? Bem, para saberem têm que ler a história…mas para já leiam a frase de Adreinne Rich: “I don’t think we can separate art from overall human dignity and hope.”

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Na minha terra conta-se que, no inverno, à lareira, quando ainda não havia as modernices de hoje, pais e avós juntavam-se para contar histórias. As mães diziam: Venham meninos vamos às contas! Claro que não eram só os meninos que se juntavam. Era a família inteira e mais os vizinhos e até os animais que lá por casa passeavam se aninhavam para saborear mais uma noite de histórias, contos, ditos e mexericos...