Era
uma vez Desperaux, um rato apaixonado por histórias. Um rato de ENORMES orelhas
e um coração SEM TAMANHO.
Convenhamos
que era um rato grande demais para o pequeno mundo onde vive...
Mas
“A Lenda de Desperaux” de kate di Camillo é também a história de uma colher de
sopa, de um carrinho de linhas e de uma agulha, objetos que, francamente
estarão a pensar, não se colocam nas histórias, por serem demasiado insignificantes.
Mas
a vida é assim mesmo, feita a maior parte do tempo de coisas insignificantes,
como por exemplo trabalhar, ir às compras, pôr gasolina no carro, dormir, comer
e, no caso desta história, do nascimento deste rato cuja mãe, desesperada, lhe
pôs o nome de Desperaux!
Contudo
Desperaux, para além da particularidade das suas grandes orelhas, tinha também os
olhos bem abertos, para além de não se comportar como um verdadeiro rato, o que
convenhamos causava estranheza no mundo dos ratos.
Desperaux
acaba por passar por vicissitudes várias, por escapar a perfídias ilimitadas
para finalmente, como é habitual nas histórias de potencial receção infantil,
regressar à luz gloriosa, com a forma de cavaleiro brandindo a espada.
O
protocolo de leitura da “Lenda de Desperaux” pode levar-nos a muitos caminhos,
começando pelos heróis improváveis do quotidiano (nós todos), pelos super
heróis improváveis do quotidiano (os que dão a vida para salvar outros) e pelos
híper heróis improváveis do quotidiano (aqueles que conseguem perdoar).
“-Perdoa-me
– repetiu Lester. Leitor, o perdão é, creio eu, muito parecido com a esperança
(…), algo muito poderoso e maravilhoso. E algo muito ridículo também!”
E
que é feito da colher de sopa e do carrinho de linhas e da agulha? Bom, isso é
tema para a cozinheira da história que disse: “Escuta rato, estes são tempos
extraordinários. E por isso temos de ter paz entre nós”
E a
agulha? Bem, para saberem têm que ler a história…mas para já leiam a frase de
Adreinne Rich: “I
don’t think we can separate art from overall human dignity and hope.”
Sem comentários:
Enviar um comentário