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domingo, janeiro 11, 2015

O senhor o seu nariz e outras histórias


Texto - Álvaro Magalhães

Ilustração -João fazenda

 “ (…) Agora sei porque te fadei, eu que nunca tinha feito mal a ninguém. Era para meu próprio bem. Às vezes, as fadas também sabem o que vai acontecer. Sabem mas não sabem que sabem. Percebes? Sabem sem o saber.”
Esta frase está quase no final da história que Álvaro Magalhães escreveu e que se chama – O senhor do seu nariz.

Contudo, a fada não aparece só no fim da história. Pelo contrário, aparece bem no princípio da mesma quando insiste em fadar o rapaz/bébé com “um nariz do tamanho de um chouriço” e, sem mais delongas, o nariz começou a crescer, a perder de vista, de tal forma que o rapaz/homem, apesar de tudo sempre otimista dizia: “Não era pior se fosse do tamanho de um presunto?”

Apesar dos inconvenientes que “o seu nariz” às vezes lhe causava (o nariz chegava sempre antes dele, nunca passava despercebido, derrubava as pessoas quando se virava de repente, por exemplo…) tinha outras conveniências mais agradáveis pois “cheirava como ninguém, pois então”.
A sua verdade, ou melhor, a sua busca da verdade, qual Diderot, baseava-se não no tato mas no olfato, como fonte de conhecimento do mundo: “As pessoas cheiravam o mar, os bosques e as flores, eu cheirava o mar, os bosques e as flores, como nem o mar, os bosques e as flores sabem que são.”

O seu subtil olfato foi então percebido de muita utilidade, resolvia um incêndio ali, dava conta do temporal a chegar acolá, enfim, com o tempo deixou de “ser um cheirinhas para ser um cheirador. O caminho de casa estava sempre cheio de gente que vinha pedir um favor, ouvir uma opinião. Eu lhes dizia se me cheirava. Ou não”.
Até que um dia…cheirou-lhe a pó de fada! “Segui-lhe o rasto cheiroso e fui parar ao beco mais escuro da cidade, (…) era uma fada do ar mas estava estendida na lama (…) “ – Se não podes ser fada e voar, aguenta-te em terra. Gostas de sopa de ervilha e hortelã? E de pão fresco pela manhã?"

E no resultado do "cheiro" da elaboração sobre o mundo, a fada começou a rir, “(…) deu duas voltas no ar e voou como só uma fada sabe voar” e talvez dissesse que o tempo é de cada um, e que ele há de sempre vir, para iluminar nosso “olhar”.
Boas leituras! Livro recomendado para o 3º ano de escolaridade.
 

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