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segunda-feira, janeiro 12, 2015

Segurança e Liberdade

                                      Segurança e Liberdade

Leila tem 10 anos. Vive no grande deserto, onde os beduínos viajam de camelo. Leila tem seis irmãos. Slimane é o seu preferido. Um dia Slimane desaparece no infinito das areias. Não voltará mais e o seu pai probibe que jamais o seu nome seja pronunciado, quer na esfera pública, quer na privada. Apesar da cólera do pai, o xeque Tarik, Leila impõe a sua vontade e Slimane vive de novo no coração de todos aqueles que dele se recordam.
Assim é a história de L...eila, no livro de Sue Alexander com ilustrações de Georges Lemoine.
Uma das coisas mais terríveis que pode acontecer, quando uma tragédia acontece, é não se poder falar dela, por medo de represálias, por imposição de alguém ou mesmo por imperativo próprio, de recato e introversão.
As duas primeiras (medo de represálias e por imposição de alguém) vão contra o que hoje em dia a sociedade occidental pugna que é uma sociedade dinâmica, no processo contínuo de conquista e defesa da liberdade, na construção e expansão no campo do direito, ético, cultural, individual e coletivo.
Ao ler o que David Lankes escreveu, hoje, no Library Journal - “All libraries should provide safe place to recover and the tools to turn tragedy into action and understanding” – dei comigo a pensar o que poderemos fazer+ nas escolas para que a importância da Liberdade de Expressão seja, de facto, inserida da formação de uma consciência cidadã.
Claro que inúmeros projetos poderão ser repensados, começando pelo jornal escolar e pela necessidade de ele se constituir como o veículo das diversas “vozes” que enquadram a comunidade educativa.
Depois temos o currículo/disciplinas, cujos professores sempre muito preocupados com o programa, dizem (e talvez bem) que não têm tempo para essas coisas…
Restam-nos as Bibliotecas Escolares/Centro de Recursos que são locais híbridos culturalmente, são plurais por natureza, no sentido de agregar múltiplos e diversificados saberes, com a intenção de criar vínculos com as suas comunidades não ignorando os centros mas, sobretudo, prestando atenção às periferias pois, é aí onde a ação é mais necessária.
A aprendizagem de uma literacia crítica à volta da personagem “Leila” do Livro de Sue Alexander, que estava impedida, pelo pai de mencionar o irmão morto, o questionamento do texto para averiguar o porquê das vozes autoritárias em jogo, a persistência de Leila e a sua vitória final dão, a esta história, um magnífico pretexto para, por exemplo, definir aquilo que consideramos Segurança e Liberdade e fornece-nos elementos de comparação, relativamente a estes conceitos e à prática deles, em diferentes sociedades.



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