Na obra a Maior Flor do Mundo de José Saramago, ilustrada magnificamente por João Caetano, um rapaz sai da sua aldeia "de árvore em árvore", como um pintasilgo, ou Tarzan descobrindo a liberdade e o prazer da vida na floresta, e lança-se rio abaixo destemido!O que descobre? ...uma flor, simplesmente uma flor "caída e murcha" - a natureza à beira da morte!
Contudo, esta flor em agonia recebe apoio incondicional deste menino que repetidamente, como as mães, lhe dá alimento, cuida dela, voltando vezes sem conta ao rio, para recolher a água, o vital alimento.
Em agradecimento, a flor retribui o gesto, resguardando-o do frio da noite. Só mesmo uma flor para retribuir gestos de afeição e amor!....
Esta história, que o autor supôs não saber contar, pode ser uma viagem exterior pela interioridade do ser humano. Ela reune em si mais complexidade e riqueza de análise e compreensão do mundo do que os adultos supõem que a literatura de potencial recepção infantil pode proporcionar! Nela a vida é pincelada com sementes de ideais sobre o mundo a que se deve voltar, porque nos esquecemos.
Devido à sua sabedoria inata, o rapaz consegue "fazer uma coisa muito maior que o seu tamanho"...
O Prémio Nobel, que não sabia escrever histórias para crianças, convida-nos a todos a fazer aquilo que afinal ele fez com mestria:
"Quem sabe se um dia virei a ler outra vez esta história, escrita por ti que me lês, mas muito mais bonita?..."
Será que vamos conseguir cuidar das nossas flores?
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