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quinta-feira, outubro 09, 2008

Ciclo das Fadas VI - Sininho e Peter Pan


Fantasy is a natural human activity. It does not destroy or even insult Reason; and it does not either blunt the appetite for, nor obscure the perception of scientific verity. On the contrary. The keener and the clearer is the reason, the better fantasy will it make”.

Assim diz Tolkian, (2008:65) que desenvolve uma larga e profunda tese, no seu livro “On fairy-stories”, onde espelha a extraordinária génese do seu trabalho, como escritor de mundos fantásticos.

Peter Pan, de J.M.Barrie, é outra história de fadas que queremos partilhar convosco. Apesar de todos conhecermos a história do filme da Disney não será despiciendo ler, de novo, este romance, que se tornou rapidamente num dos famosos livros de literatura infantil, de todos os tempos.

A personagem de Peter, que não quer crescer, de Wendy e dos meninos da Terra do Nunca, que caíram dos carrinhos de bebé por causa de amas distraídas e do Capitão Gancho, com o seu braço de ferro, povoam os mundos da infância já há várias gerações.

Este livro também possui uma fada que pelo seu tamanho pareceria irrelevante num cenário de guerras da Terra do Nunca, entre animais selvagens, índios ferozes e piratas violentos.

Mas, esta FADA possui uma capacidade extraordinária de doação e de inclusivamente morrer por Peter Pan quando este, sem conhecimento do líquido envenenado, o ia beber de um fôlego. Sininho, in extremis, salva-o protagonizando um amor sincero e para lá de todos os limites racionais. Este amor “ (…) é uma possibilidade de vida da própria razão; a razão que renuncia ao amor renuncia à própria vida, à sua própria liberdade. O amor entendemo-lo como possibilidade de sempre transcender.” (Pereira, 2000:76)

Sininho está às portas da morte: “ A sua voz era tão sumida que, a princípio, ele já não conseguia ouvir o que ela dizia. Ela estava a dizer-lhe que acreditava poder melhorar, se as crianças passassem a acreditar nas fadas.

E elas certamente acreditam pois as suas palmas fizeram Sininho voar logo “mais alegre e despudorada do que nunca” (Barrie, 2005.163) fazendo-nos acreditar que a intenção de um desejo – um projecto – aliada ao gesto de bater as palmas – uma acção – (Carvalho, 95:56) produz um resultado que se assume como impulsionador da realidade, aqui realidade poética, mas que sem dúvida faz parte do mundo empírico histórico factual, pois nós também ainda acreditamos em fadas e também conseguimos voar!

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Na minha terra conta-se que, no inverno, à lareira, quando ainda não havia as modernices de hoje, pais e avós juntavam-se para contar histórias. As mães diziam: Venham meninos vamos às contas! Claro que não eram só os meninos que se juntavam. Era a família inteira e mais os vizinhos e até os animais que lá por casa passeavam se aninhavam para saborear mais uma noite de histórias, contos, ditos e mexericos...