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sexta-feira, junho 15, 2007

O menino que não gostava de ler

No dia em que Leopoldo fez oito anos, os pais ofereceram-lhe dois livros, tal como acontecia em todos os aniversários desde que tinha nascido!
Contudo, Leopoldo não gostava mesmo nada de ler. O que ele gostava era de correr pelos campos e por isso preferia que lhe tivessem dado umas sapatilhas. Como ele queria umas sapatilhas!
O que acontece com Leopoldo acontece com uma boa parte das nossas crianças e jovens. Fogem dos livros e da leitura, têm papirofobia, diagnóstico que o psicólogo da história descobriu para o problema do Leopoldo.
O que fazer para remediar o problema? Como a própria história nos conduz, o Leopoldo necessitava de um bom mediador, alguém que lhe conseguisse fazer a ponte entre ele próprio e os livros, para que todas as letras negras não se transformassem "num aglomerado de formigas bêbadas que, sem nenhuma regra ou ordem, saltavam de um lado para o outro da folha."
Na sua fuga da casa paterna, Leopoldo encontrou um velho cego, sentado no banco do parque, que lhe contou as suas aventuras:
"Dando voltas à terra, tinham-lhe acontecido coisas absolutamente extraordinárias. Caçara baleias ferocíssimas de cores inacreditáveis, combatera contra os piratas da Malásia e do mar da China, escapara deles agarrando-se a um tronco, sobre esse tronco andara à deriva e chegara a uma ilha com um vulcão, uma ilhazinha perdida no meio do oceâno Índico. Ali conhecera selvagens que eram tão pequenos que cabiam na palma da sua mão, estes tinham-no eleito seu rei, mas também de lá tinha fugido..."
Este velho, cego, delicadamente e subtilmente, conseguiu a proeza da conciliação e da aproximação do Leopoldo com a leitura.
Quantos velhos cegos precisamos nós de ter?

2 comentários:

Ana disse...

Virginia,
adorei este post. Ainda bem que não tenho "papirofobia". Sou mais "papirodependente"!
Bjs
Ana T.

Unknown disse...

Depois, o Velho fala-lhe de um livro que nunca acabou, «O Vagabundo das Estrelas», e Leopoldo tem a ideia de ir à biblioteca para ler o final do livro, mas as letras voltam a misturar-se e Leopoldo chora. É Então que o velho diz para ele usar óculos. Depois, o Velho acompanha Leopoldo a casa, e fala do problema de visão de Leopoldo: ele é míope. O Pai arranja-lihe uns óculos com lentes como fundos de garrafa, e então Leopoldo acaba de ler o livro que o Velho nunca acabou, e diz o final ao Velho. e Fim

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Na minha terra conta-se que, no inverno, à lareira, quando ainda não havia as modernices de hoje, pais e avós juntavam-se para contar histórias. As mães diziam: Venham meninos vamos às contas! Claro que não eram só os meninos que se juntavam. Era a família inteira e mais os vizinhos e até os animais que lá por casa passeavam se aninhavam para saborear mais uma noite de histórias, contos, ditos e mexericos...