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segunda-feira, agosto 18, 2008

Passos de Música, Caminhos de água - Pasos de Música, camiños de auga


Era uma vez um crocodilo chamado Júlio...
Que tinha uma gata como melhor amiga, a Sebastiana...
A eles juntou-se um peixe... o Jacob
E um papagaio que tinha por nome Gil, que pôs um ovo(?)...
E do ovo nasceu...vejam lá ... uma sereia!

Estas são as personagens de um livro escrito a quatro mãos - duas portuguesas e duas galegas - que nasceu do Projecto ESTAFETA, da Direcção Regional de Cultura do Norte, com o intuito de favorecer o conhecimento das literaturas galega e portuguesa nos respectivos países.
Para além dos escritores e do ilustrador -Xosé Cobas - esta história contou com a ajuda dos meninos e meninas que frequentaram as bibliotecas do Minho e da Galiza num processo de passagem de testemunho que se consubstanciou nesta história cheia de simbolismos construidos ao longo da nossa história comum e na capacidade de nos tornarmos humanos.
Esta capacidade revelou-se em primeiro lugar pela consciência de que devemos perseguir SISTEMÁTICAMENTE os nossos sonhos, por muito extravagantes que eles possam ser: Júlio queria ser flautista mas o que fazer com a sua boca grande? Não desanimando decidiu ser pianista, mas o que fazer com as suas unhas afiadas? Guitarrista, então, cantor depois...
Tanto infortúnio remeteram-no para lugares profundos do seu eu, simbolizados no texto pela floresta, de onde foi resgatado pelo peixe Jacob:
Podíamos ser amigos,
trocávamos de lugar:
eu fico o Jacob do rio
e tu o Júlio do mar.
A humanidade, desta feita revela-se pela oportunidade que nos é dada de nos pormos no lugar do outro, de trocarmos a nossa história pela do outro enfim, de aprendermos a alteridade que não é mais do que existir a partir do outro, da visão do outro, o que permite também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado, partindo tanto do diferente, quanto de mim mesmo, sensibilizado que estou pela experiência do contacto.(Ricour, 1990)
Finalmenta a humanidade revela-se pela capacidade de construir sempre mundos novos:
Agora, que a natureza,
deu vida, encanto, ao ovo
vivamos com harmonia
os encantos dum mundo novo.
Esta utopia recém-nascida com a sereia, que aparece bela com a sua cauda, pressupõe, sem dúvida, a reinvenção das artes (música, pintura e dança) como condição fundamental para se voltar a casa "até ao lugar de abrigo, de protecção e acolhimento, longe dos desejos humanos de tirar a vida a outro ser e convertê-lo em objecto dos seus caprichos de domínio" .(pg. 90)
Para a Ilha dos Amores foram então todos sem demora, lugar simbólico da CASA ou do PARAÍSO, onde se situa a máquina do mundo (Rovaniemi, Finlândia - Casa do Pai Natal) onde o humano e o divino se equivalem: os deuses não existem, o que existe são homens e mulheres que, pelo seu valor, se tornam superiores.
Passos de música e caminhos de água mostra-nos, pela mão de escritores (grandes e pequenos), que a Ilha dos Amores está ao alcance de cada um de nós...

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Na minha terra conta-se que, no inverno, à lareira, quando ainda não havia as modernices de hoje, pais e avós juntavam-se para contar histórias. As mães diziam: Venham meninos vamos às contas! Claro que não eram só os meninos que se juntavam. Era a família inteira e mais os vizinhos e até os animais que lá por casa passeavam se aninhavam para saborear mais uma noite de histórias, contos, ditos e mexericos...