Seguidores

terça-feira, novembro 27, 2007

Histórias com "identidade europeia"?


No livro Wie schemekt der Mond, traduzida para português com o título A que sabe a Lua?” de Michael Grejniec, todos os animais queriam averiguar a que sabia a lua: ” Era doce ou salgada? Só queriam provar um pedacito. À noite, olhavam ansiosos o céu. Esticavam-se e estendiam os pescoços, as pernas e os braços, tentando atingi-la.
A tartaruga resolveu escalar a montanha mais elevada mas não podia tocá-la. Então chamou o elefante e depois a girafa, e depois a zebra e depois o leão e depois o raposo e depois o macaco e por fim o rato que arrancou um pedaço. “ Saboreou-o satisfeito, e depois foi dando migalhas ao macaco, ao raposo, ao leão, à zebra, à girafa, ao elefante e à tartaruga.”
E a lua soube-lhes exactamente àquilo que cada um deles mais gostava.” porque a indeterminância textual aponta, por um lado, para uma fuga tendencial ao sentido, que impede que se fixe ao texto uma verdade última. O texto constrange positivamente ao jogo intertextual em que se dá à leitura, remetendo, deste modo, o leitor para a textualidade característica de toda a experiência. (Iser, 1977:33)
A que é que a lua sabe, a um leitor, será certamente diferente do que sabe a lua a outro leitor, porque a recepção do texto verbal e icónico é conseguida pelo duplo princípio da diversidade e da divergência. Contudo, algumas vezes, pode-se convergir para um mesmo objectivo e a consciência dessa necessidade é apontada pelos animais desta história.
A convergência do mundo empírico - histórico - factual e do virtual/ficcional, proposto pela literatura de recepção infantil e juvenil, pode romper fronteiras que separam um país de outro, mas também podem quebrar as fronteiras que separam pessoas de objectos: a lua estava longe mas o engenho e a arte dos animais determinaram o alcance dos objectivos que era tão simplesmente saber a que sabia a lua.
Também a convergência do local com o global europeu poderá estar na essência da construção de uma nova identidade sem perda da identidade primordial, porque o leão continuará a ser leão, o elefante continuará a ser elefante, a girafa continuará a ser girafa e assim sucessivamente...

1 comentário:

Ana disse...

Muito bonito este texto infantil e a relação do que é comum entre o sabor da lua e do texto literário:um gosto particular e diferente para cada leitor.
Bjs
Ana T.

LED Text Scroller

Na minha terra conta-se que, no inverno, à lareira, quando ainda não havia as modernices de hoje, pais e avós juntavam-se para contar histórias. As mães diziam: Venham meninos vamos às contas! Claro que não eram só os meninos que se juntavam. Era a família inteira e mais os vizinhos e até os animais que lá por casa passeavam se aninhavam para saborear mais uma noite de histórias, contos, ditos e mexericos...